quarta-feira, 31 de outubro de 2012

fim

Agora é como se eu tivesse quebrado a corrente
A liberdade que eu busquei nem é tão bonita
Então é isso, é tempo de encarar realidade
Desistir das flores da primavera
E Procurar o outono .

A algema imposta pela esperança
Esta finalmente jogada no chão da realidade
O chão é frio...
Desabei junto com ela
Mas me levanto aos poucos
não há nada que o tempo não cure,
Talvez só um coração quebrado.

Cansei de mendigar atenção
De olhares vazios
Ou pior, penosos
Cansei de despedidas na chuva
De viagens mais longas que estadias
E de noites frustradas
Cansei dos planos
Da música, sei lá
Cansei de tudo,
Cansei de tentar

E do cansaço desfez-se a covardia
De olhar tudo e não enxergar
É meio triste ver depois de tanto tempo cego
O fim de um sonho
E tudo que tenho pra lembrar são pés unidos
As fotos permanecem vazias...
Então lembro da cegueira
Da falta de imagens
Do som cansado das teclas batendo

Já é tarde,
Perdi o sono, não queria acordar.
Não me servem filmes nem remédios
Você provavelmente dorme
Na mesma cama
Do mesmo jeito
É impossível não lembrar da poesia
Viro mais uma dose,
Corto o choro,
Espero o tempo curar

terça-feira, 23 de outubro de 2012

mudar


Quase não me lembro das tardes
As mais vazias da região
Quase lembro de alguma coisa,
Mais uma mentira

Deve ser porque ela não liga
She just don't fucking care
She just don't care
 don't care...


Ela tem aquele olhar que não conta nada
Esperam um personagem que não existe
Ela não liga muito pra isso,
Quem sabe até ligue um pouco
Mas jamais irá admitir


Vamos ao outro lado da rua
Nada muda.
Na semana seguinte permanece igual
Talvez não igual, mas nada mudara.
Talvez a inércia seja tanta
Que não consigam andar
Mas seus passos,
Cada vez mais calmos
Decidiram parar.

domingo, 7 de outubro de 2012

ROMA

Rio de Janeiro tem duas estações do ano: verão e inferno. Ainda estava no verão, mas o sol pulsava forte e na beira da praia mais famosa do mundo ele estava de calças jeans e fumando um cigarro. O gosto amargo do tabaco já o irritava, mas era melhor do que o nada que se instaurava . Estava de saco cheio do vazio que era aquilo tudo, um presente mal vivido. O suor começava a escorrer de sua testa, sua vontade era de subir o o corcovado ou qualquer outro morro maldito e com os olhos vidrados voar. Sentir o vento bater e aliviar o calor de existir, de fato não se importar.
Estava mais de duas horas atrasado, mas foda-se, decidira que não se importava muito com isso, quando desse vontade iria com calma. Ele rodava entre dois quarteirões, nunca se afastando muito dali. Não parava, mas simplesmente não conseguia se afastar. Não que tivesse alguma coisa para fazer por lá, talvez uma esperança louca de poder viver por ali, estender um pano e dormir na calçada esperando um milagre, acho que na real era isso que ele queria, simplesmente estender um pano e fazer plantão na calçada esperando um maldito milagre. Buscava revirar lembranças e enfim descobrir onde errara, onde começara a ficar tudo fudido. 
Começava a anoitecer e os retardados aplaudiam o pôr do sol , O desprezo era evidente em seus olhos. Já ouvira muitas vezes que era invejoso, mas na real era puro desprezo mesmo, julgava-se superior ao mundo. Egocentrismo talvez, inveja não. De qualquer forma afastava-se da muvuca de jovens praieiros que estava ali, voltou-se à calçada e sentou no meio fio para mais um cigarro. O mendigo pedia esmola para sua fuga, ele não contribuiu com nada, tinha pouco e na real era meio egoísta também, mas deu um cigarro à ele e desejou boa sorte na mendicância. Pensava agora, olhando para o cigarro, se o avião já teria partido. Provavelmente estaria frio lá, melhor que o inferno daqui. Mais uma viagem, mais uma temporada entorpecida. Olhando a fumaça azul invadindo o céu já escuro foi inevitável o pensamento: 
-Estranho, ela que adora viajar, nunca falou de ir à Roma.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Vou saindo na rua escura , no sol da meia noite com os insetos saídos do esgoto, junto das almas errantes. Saio e na loucura acelerada acendo um cigarro que queima sem que eu possa traga-lo. O vazio toma a cena, o medo sobe pelas paredes sujas e o desespero avança para o meio da rua. A fumaça me cerca e me protege do vento que traz más notícias. Um onda de nostalgia me toma, lembro de um jardim onde começou a maior viagem da minha vida-ao menos até o momento- e de onde sobreviveram grandes amigos. Viver de nostalgias... Acho que nasci para colecionar histórias. Algumas reais, outras pura imaginação, algumas mentiras, outras dos outros. Baseado no passado me perco . Jogo a ponta do cigarro fora e com ela toda luz que havia. Maldita! Me deu a direção errada, filho da puta. Segunda direita e reto até o amanhecer é o caralho!
Volto cansado, de olhos vidrados em desentendimento. Olho o relógio e havia mudado o dia, um dia mais velho.