quinta-feira, 29 de outubro de 2009

O Andarilho


Em uma de minhas andanças pelo querido Rio de Janeiro, vejo as ruas imundas e mal tratadas, vejo botecos sujos, com pessoas bebendo e comemorando a mediocridade. Ando nas ruas quebradas e violentas acompanhado apenas de alguns trocados, meus pensamentos e a foto dela. A noite cai e continuo andando. Eu paro em cada esquina e vejo todos os que tentam achar um sentido na decadência que é a vida.
O povo procura um ópio, algo para ocupar suas mentes vazias. Essa busca é simples para alguns, mas para outros é o maior motivo dos sofrimentos. Ando ainda pelas ruas, canso-me e sento no primeiro bar que vejo. Peço uma cerveja e um maço do cigarro mais forte que ele tivesse. Recebo um copo meio sujo, o casco da cerveja, e um maço de cigarros vagabundos. Foda-se ! Peço um palito de fósforos ao cara da mesa ao lado, que fumava sozinho. Sem falar nada , ele me passa a caixa com cinco palitos restantes . Queimo um , acendo o cigarro e devolvo o resto com um aceno de cabeça como agradecimento.
Fico apenas sentado na mesa olhando a rua, o povo passar, e o cigarro queimar. Depois de cinco garrafas e um maço, saio, mas não sem antes comprar outro maço. Volto a andar nas ruas escuras,a única luz, é a da brasa do meu cigarro queimando . O tempo esta anormal para a tropical Rio de Janeiro , faz um frio agradável, mas não chove, ainda . O tempo não passa, transito entre os ratos que habitam a noite carioca. Os ratos passam com os olhos brilhando e ameaçam-me. Não mais me assusto com eles, já foi o tempo que eu os temia.
Paro. Sento no meio fio, paro para ver a brasa queimar e a fumaça tomar formas pelo ar. Apago a ponta e logo acendo outro. Brinco com o fogo por um instante, mas um sopro de realidade em forma de vento, apaga o fogo do fósforo e arranca a minha distração das minhas mãos. Fico sentado vendo os insetos e ratos perambulando pelo chão imundo, e fumo meus cigarros vagabundos. Partilho da desgraça dos moradores rastejantes da noite.Desisti de achar um sentido, não há sentido algum. Puxo a foto dela, fico observando e imaginando o que ela pensa no momento. Pergunto-me se ela gosta de mim. Desisti também de pensar , decidi falar. Amanhã falarei com ela.
A chuva começa a cair.

Um comentário:

  1. Não li o texto, mas deve ser bom. Quando vc começa a refletir sobre a vida, até que saem coisas bem interessantes da sua cabeça! =D

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