domingo, 17 de março de 2013
Quem vem me dizer o que é certo ou errado? Para o inferno com suas convenções da realidade! Prefiro a realidade alterada, entorpecida por litros de vodka barata. Tocaram o puteiro aqui ao lado e ninguém ousou reclamar do barulho. Os porcos perambulavam pela rua sem se importarem com nada, pagaram a cerveja, cederam uma carne, tá tudo certo, no esquema. Milhões de cigarros , bitucas para todos os lados, mas ninguém vê o desespero. O Bong relaxa ao lado, seus olhos cansados de ver tristeza fecham-se lentamente ao som da música. O mundo segue lá fora, aqui dentro o mundo desaba num terremoto diário que não mata, mas fere, fere fundo. O mal do século, culpam a música pop, a internet, talvez seja, talvez não, a verdade é que não faz diferença. A festa continua no vizinho, Crianças sorrindo passam correndo sem se preocuparem se irão cair ou não. O vizinho reclama do cheiro, sente-se ofendido. Que se foda, que se ofenda, que reclame. Os olhos voltam a se abrir numa festa de sangue, mais um trago, mais um gole. O cigarro vai se acabando, o gosto de horas de nicotina é desagradável até para quem o fuma, o cheiro impregna no cabelo, nos dedos, é o cheiro do desespero, o cheiro da tristeza, a companhia que sai cara. O cigarro queima entre os dedos e ele o contempla, é o penúltimo, ainda são duas horas da manhã, terá de sair para comprar mais, mas não tem nada aberto por perto. Foda-se, fuma-se erva , até melhor, o cheiro é menos triste . Remédios para dormir nunca funcionaram, O relógio não para , avança sem pena alguma. Na televisão só o que se tem é a merda pornográfica de sempre. Putaria disfarçada com roteiro de quinta . A poesia atormenta a cama amarrotada que sente falta daquela pele que nunca mais voltou. Mais uma dose batida com uns comprimidos achados na bolsa que a velha largou numa mesa de bar, com sorte rola algo de bom, quem sabe não volta a imagem do corpo na cama vazia e triste. Seu cachorro lambe o saco e olha com cara de tédio sem entender o sentimentalismo barato dele. É tão difícil esquecer algo, alguém... Acende o último cigarro e senta na janela para sentir-se vivo. A noite é quente, mas bate um vento confortante. Vem um som do computador, combustível da paranoia. Ninguém dorme na cidade.
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