terça-feira, 19 de julho de 2011

Dia

Nos dias calmos de não fazer nada
O vento bate frio na janela
Chia fino, chora chamando chuva
Papéis e mais papéis jogados, sujos
Não faz mais tanto sentido como fazia antes

Música toca alto no cômodo ao lado
Me perco na fumaça densa
Converso com o velho safado
E ele me diz que nada vale a pena
A alcatéia uiva no meu ouvido
Palavras de amor proibido

Na tela passam cenas de violência
Tiros e gritos alucinados
Claramente ensaiados
Não que eu não goste da mentira,
É tudo ficção, pura enganação
Melhor que falar verdades tristes

O dia passa sempre muito calmo
Quase não lembro da pele branca
Da voz confusa, sempre chapada
Quase não lembro da distância
É difícil falar sobre o que presta

Os óculos pesam, preciso de sono
Preciso de um banho
Um vinho, boa comida, sei lá...
Preciso sair para pensar
Não corra atrás, uma hora vai passar

Entro de porta em porta,
Cada livro um novo homem
Mais mulheres para amar
Mais mentiras para ouvir
Mais sonhos para sonhar

A noite é clara, a cidade brilha
Não vejo estrelas nem nada no alto
Os ratos já tomaram as ruas
Ninguém mais se atreve à sair
Está na hora de se deitar...

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