domingo, 24 de outubro de 2010

Frio

Ela parou em frente à mim , olhou-me no fundo dos olhos e sentou-se. Estava ébria, cansada, preocupada e de saco cheio . Ela deitou-se no meu colo e olhou-me debaixo. Acariciei-lhe os cabelos macios e castanhos, sonhei com um beijo repentino e louco dos dois doentes.
-Você está bêbada- Falei.
-Você também está
Sem argumentos eu sorri e continuei a carícia. Enrolei um cigarro e acendi-o. ela me pediu um, dei o meu à ela e enrolei outro.
-Quanto tempo eu não fumava...
Sorri e assoprei a fumaça fora. O tabaco forte invade meu pulmão e faz meu dedo ficar amarelado. Todo aquele circo à nossa volta continua berrando e bebendo como loucos. Meus olhos brilham com a quentura do seu corpo, e eu mal consigo me mexer, com medo de atrapalhá-la . Seu sorriso triste é como um oásis no deserto, seus olhos pequeninos são bolas de gude da infância.
Ela levantou-se, olhou assustada para mim e apoiou a cabeça nos meus ombros arqueados dizendo numa voz arrastada e linda:
-Está frio...
Abracei-a fortemente, ela sorriu e aninhou a cabeça. Eu fiquei ali a noite toda e ela ali ficou...
Levei-a até sua casa e despedi-me com um triste beijo nas faces frias , que agradeciam ...

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