segunda-feira, 30 de abril de 2012

Início de outono

Algumas horas
Não importa,
Não precisa de muito
A carne é fraca
O amor eminente

Olhos fixos,
Parados na neve
O barulho não assusta
Nada há de mudar
O sentimento

Nada certo
Mas alguns passos à frente
Um medo estranho
Uma saudade recente

Algumas palavras
E umas façanhas
As fotos de ontem
Na mesa de canto
Que guarda meu ouro

Um vento gelado
Caiu o outono na cidade
O telefone não para
O perfume persiste
A lembrança maltrata

sábado, 28 de abril de 2012

O brilho dos olhos

É inútil tentar pensar em outra coisa,
A poesia corre lembrando o olhar
Os ventos sopram em meus ouvidos
A gargalhada abafada de outros dias

A saudade é forte 
Bate no peito e aflora nos olhos
Que brilham sem saber porque
Mas seguem brilhando felizes
Sem medo algum de viver

Meus lábios secos buscam o vinho
Afasto-me da realidade 
Em um canto vazio seguro incertezas
Que não largo , não afasto do corpo
Me agarro ao que posso

A coragem esbarra no peito amigo
Não chore por não ter o que fazer
Há sempre ao lado um coração partido
Uma voz que não sabe o que dizer
E sem dizer nada peço passagem
Resolvo um problema sem saber

Um afago imaginário, 
O andar de cavalos adestrados
Que mudam de rumo como o vento
Distração da noite solitária.
A memória me mantém viva a chama
E não deixa os olhos fecharem.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Inconstante


Uma estranha realidade,
É como um sonho que desistiu de virar pesadelo
Um beijo distante
O som distorcido do mar canta a saudade

Desmancha tudo e monta ao seu gosto
Os dias de tédio já me valeram
Os versos cantam um homem diferente
Mas nada muda o sorriso exposto

Uma idéia de felicidade constante
Não vejo mais ratos nos cantos
Onde tentam roubar meus olhos
Mantenho o olhar distante

A certeza de esperar o inesperado
Olhos caídos confessam um temor
"Eu tento..."
Soltou num suspiro abafado

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Um momento em que tudo que pensava vai desmoronando, se desfazendo em poeira solta ao vento. Seus credos, seus princípios, caráter , até seu ideal estético . Quando olha-se para trás e nada faz tanto sentido assim, a certeza de ontem agora é a maior besteira. Quando as vozes ao redor já falam tão alto que seu único pedido é que ela pare, se silencie por alguns minutos, um tempo para o silêncio prevalecer antes que a cabeça exploda .
A música mudou por completo, e o que eu jogava no lixo agora é o básico, o bom agora é vergonha. É até um pouco triste , não sei se antes era melhor ou se melhor está agora, as inceterzas são as mesmas, mas agora disfarçadas de importantes causas filosóficas que não passam de choro de criança. O grande acadêmico, o grande intelectual, as mesmas invejas. Os olhares do lixão são visíveis.